FRAGMENTOS DA MINHA HISTÓRIA
Inda guri interiorano
meus sonhos todos
couberam na arapuca pequenina
de lascas de taquara.
Nesse meu mundinho
a natureza em festa
movida pelo alarido/sinfonia
das gralhas, das saracuras, dos jacus e pombos.
fui crescendo e transferi
a arapuca
para a cidade
– fui estudar –
Essa nave, porém, não decolou.
Encalhou nas pedras da filosofia dos números
só restando idiomas
na minha história e geografia.
Trabalhei, tracei figuras geométricas com as letras
... e o fado fez-me poeta.
Vieram sonhos físicos, familiares,
E na arapuca da cidade
a sinfonia/algazarra dos meninos
Ampliou meus sonhos.
Mas hoje
não mais arapucas
pois não tem mais pássaros
e não há mais taquara, é só concreto,
entrego a casa aos meninos/homens
Sobre a terra
E em breve em baixo dela,
qual crisálida morta,
aguardarei no casulo/caixão
os vermes devorarem até a última carne
o guri da arapuca de taquara.