TESTEMUNHA
É manhã
O sol imperial toma da noite
O lugar antes majestosamente ocupado
E sob suas ordens
Amantes se entregavam às carícias
Que só aos apaixonados se reserva
O leito e os sonhos ali repousados
Que desperta
Tal qual flor com a chegada da primavera
Que assume o tempo do inverno que finda.
E num ciclo que se renova a cada estação
Das cinzas deixadas nos cinzeiros dos bares
Noturnas figuras pelas ruas transitam
E deixam na noite da cidade que dorme
Desejos que de dia escondem.
É que ao claro dia
As avenidas e ruas por carros ocupadas
Não permitem que se caminhe
Em pensamentos saudosos os amantes
Que só na noite que chega e autoriza e se revela
E tomados de caneta e papel registra
Lembranças guardadas dos tempos
Retornados em palavras e sílabas
Que sobre o papel de guardanapo ou outro que seja
Fica para que o garçom leia
Como tantas outras ali deixadas
Como saudades de uma lembrança que a mente revisita.