NAVIO NEGREIRO

E trancafiados aos montes em navios negreiros

Foram os negros trazidos da Pátria retirados

Nem à pena de mão noviça carta assinada

Trouxe a prometia liberdade.

Inda hoje se deve àqueles e suas memórias

Aos seus que por aqui fincaram

Raízes e descendentes deixados

E não se paga crimes outrora cometidos

Por aqueles que se diziam superiores

Pela brancura da pele que tinham.

Qual a razão para tal afronta?

Se à pergunta

Há resposta que convença?

O da cor qual noite que nos entregam às estrelas

Que até hoje perdura

E não há leis ou decretos que sejam

Reparadores das atrocidades há séculos cometidas

E aos maios que foram e que virão

Somente data que em nada muda

Porque mais do que lembrar triste história

São no dia a dia que se corrigem más condutas.

Vozes do antigo continente dizem ouvir

Vozes de dor e lamentos e chamados

Do horizonte já onde vista não alcança

Um grito

Um pedido

Ou uma prece.

Nas feiras como mercadorias em leilões

A bom preço eram vendidos

Às fazendas levados e açoitados

Do pelourinho

O sangue negro escorria.

E marcados como gados eram

Para se capturados das fugas empreendidas

Devolvidos aos seus senhores sem chance de erro

E o capital investido na compra não se perdesse

E do senhorio seus recursos cessassem.

E queiram os bons tempos

Horrenda história não se repita

Pois que homem a outro não pertença

E só assim poderemos nos orgulhar

Da razão que dos animais nos diferencia.

E deles fatos semelhantes não se têm notícias.

silvio lima
Enviado por silvio lima em 13/09/2009
Reeditado em 14/09/2009
Código do texto: T1807261
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