NAVIO NEGREIRO
E trancafiados aos montes em navios negreiros
Foram os negros trazidos da Pátria retirados
Nem à pena de mão noviça carta assinada
Trouxe a prometia liberdade.
Inda hoje se deve àqueles e suas memórias
Aos seus que por aqui fincaram
Raízes e descendentes deixados
E não se paga crimes outrora cometidos
Por aqueles que se diziam superiores
Pela brancura da pele que tinham.
Qual a razão para tal afronta?
Se à pergunta
Há resposta que convença?
O da cor qual noite que nos entregam às estrelas
Que até hoje perdura
E não há leis ou decretos que sejam
Reparadores das atrocidades há séculos cometidas
E aos maios que foram e que virão
Somente data que em nada muda
Porque mais do que lembrar triste história
São no dia a dia que se corrigem más condutas.
Vozes do antigo continente dizem ouvir
Vozes de dor e lamentos e chamados
Do horizonte já onde vista não alcança
Um grito
Um pedido
Ou uma prece.
Nas feiras como mercadorias em leilões
A bom preço eram vendidos
Às fazendas levados e açoitados
Do pelourinho
O sangue negro escorria.
E marcados como gados eram
Para se capturados das fugas empreendidas
Devolvidos aos seus senhores sem chance de erro
E o capital investido na compra não se perdesse
E do senhorio seus recursos cessassem.
E queiram os bons tempos
Horrenda história não se repita
Pois que homem a outro não pertença
E só assim poderemos nos orgulhar
Da razão que dos animais nos diferencia.
E deles fatos semelhantes não se têm notícias.