Pra morrer dois minutos
Pra virar o vento a outro norte...
Pra outro norte ser a minha estrada...
Pra estrada passar sem dor minhas juras...
Pras minhas juras não ultrapassarem as colinas que não conheço...
Pra que o que não conheço alvoroce e engrene como máquina, flua e percorra lívido como sangue e carne.
Não sei quem ligou pra quem, mas estava ela falando com ele, e ele entendia daquelas coisas, só que era um chato. Havia nascido numa cidade de nada, crescido em menos ainda, e se tornara o resto das duas coisas. Ele era o rei, já que tinha três olhos em terra de cegos, e a maestria dos reis estava do lado dele... Ele tinha a sala dele, tinha o grupo dele, tinha as letras dele, tinha o povo dele, tinha o espaço dele, tinha as oportunidades que eram sob medida e beijo para ele... Eu já tinha avisado a ela que ele era um chato, que se achava o tal e que nada era, mas ela insistia, pois o valor das coisas pra ela, estava em não ter valor algum.
As asas enfraqueceram desde o último vendaval...
O último vendaval deixara não somente as asas fracas...
As asas fracas sapateavam terreiros de orgulho...
O orgulho esbarrou em um sorriso, encararam-se...
Até que ninguém mais suportou o anoitecer dos olhares.
Como mais ninguém sonhava com sua morte, ele fazia arte. Fazia porcarias que chamava de arte, eu insisti, disse que eram ruins, que eram egoístas, que não valiam nada, tinham a voz imberbes e os corpos duros, que faziam mil papeia e todos não passavam de um... Mas ela já estava com ele no telefone, eu a frente espetando um resultado positivo, ela negou afirmativas de positividade e disse qu que eles viriam sim. Mas antes de desligar, citou meu nome, e não que nos odiássemos, nos dávamos bem, muito bem até, mas ele não me queria em oportunidades perfeitas, e eu não o queria em qualquer tipo de oportunidade, nem as horríveis!
Os sustos seriam todos iguais dali pra frente...
A frente do pavor condensado: um doce suspiro...
Condicionando suspiros, pra gritarem na hora correta.
Correto era conceito lógico de Lauras e Mauras.
Todas as lauras, todas as Mauras, e olha que o mundo nem tem tantas assim.
Vieram, me cumprimentaram, chateados até o dedão dos cabelos me olharam nojentamente dos pés a cabeça... Era verdade querido, era mesmo, eu estava ali, bem ali, ali e bem! Eu ajudo-os, mas eles não são aquilo tudo, se acham, se querem e prometem demais, profissionalismo de mentirinha que já provei ser verdade! Será que eles sabem que eu sei?
E me vou sem mover um músculo, sem oscilar-me um instante diante do que dizem ser loucura... E sem graça, caminho na procissão de funções e cargos, assistir uma coisa sem pé, orelha ou cabeça que eles dizem ser um espetáculo!
Pra acabar sem o silêncio rasgar-me...
Pra que o silêncio dance euforias nas minhas gargalhadas cinzentas...
Pra que o cinza seja o término e eu nem notar que estava sem estar!
Douglas Tedesco – 11.09.2009