Café da Manhã e Coisas da Vida



desperto os olhos mirando pela janela
a luz que descortina e pra mim apela
por minha retina ilumina o quarto
acolhida noturna de um dia farto

de sob os lençóis retiro minha pele
que me cobriam o corpo que a mim impele
ponho os pés no chão, sem bengala e muleta
procurando uma chinela branca e preta

pelo interruptor desligo o quebra-luz
com outra mão pego a folha que compus
escrita adormecida que lida volta à vida
e reencontro nela a alma refletida

depois eu sigo para remover os sinais
alimento e bebida mais que essenciais
penso na tesoura que molda o cabelo
enquanto sorrio para mim pelo espelho

vou pra água que se espalha em nevoeiro
vapor quente que enfumaça o banheiro
e reverbera um perfume do sabonete
que me lembra a colheita de um ramalhete

passarinhos que fazem um coro em meu telhado
e pessoas que transitam pela calçada ao lado
quase encobrem a voz que decifro da criança
que me aguarda com um sorriso de esperança

sinto o aroma do café que o meu amor
prepara sempre que a manhã já despertou
e que contrasta com as olheiras de ressaca
que é careta refletida em uma graça

volto pra mim com a língua limpa na escova
agradecido por mais uma festa na alcova
com a natureza numa conversa que ressalta
a pergunta: “das coisas da vida o que falta?”


Joseph Shafan – 10/09/09 – 22:15h
-para o mote “coisas da vida”da POL-
- proposto por Kate Weiss no Fórum do RL-