Acordes ao vento
Desfaço-me às vezes em acordes, em notas soltas aleatoriamente pela voz que não se ouve e se dissipa com o vento que a carrega e decompõe dissolvendo junto os gestos e os olhares dispersos pelas coisas interessantes que prendem por instantes a atenção desprendida da pluma que apenas voa pelo mundo arrebatada pelos movimentos cíclicos do tempo incessante, tocando sutilmente com a parte corpórea aquilo que lhe permite a organização circunstancial da existência enquanto vibra com a intensidade de quem reconhece que se perde a cada novo instante e segue somente por sentir a ligação profunda inevitável que lhe impregna daquilo que vê e do que não pode ver de modo que não sabe jamais onde começa e termina o si mesma... e por isso tomba e perece e assim germina e dá vida simplesmente, fazendo renascer na aridez da terra seca apenas a possibilidade de renovação, apenas.