LUA CHEIA
Naquela noite de setembro, enquanto dirigia o automóvel, observava o espetáculo lunar. Por mais que quisesse prender a atenção na estrada, não conseguia. Meus olhos eram atraídos pela lua. Minh’alma era arrebatada. A lua cheia, linda e mágica, fazia um convite ao devaneio. Entrei num pequeno desvio, estrada carroçável, que me levaria até o meu destino; ladeada de pequenas árvores e arbustos, podia-se ver a claridade prateada derramando-se sobre elas. Era uma sensação agradabilíssima tomando conta de meu ser. Sentia uma vontade imensa de parar o carro, e, percorrer a pé aquele percurso. Ser inundada por essa luminosidade, declamar poemas ao vento e deixar-me seduzir pelos pensamentos de amor, ou, como num passe de mágica, trazer o amado àquele instante, e, de mãos dadas, olhos nos olhos, fazer juras de amor sob o luar. Mas, rapidamente veio a minha mente, a lucidez da realidade, a impossibilidade... restando-me somente, guardar em minha visão aquela cena, de beleza inigualável, para ser reverenciada em outro momento; recolher o meu desejo, para ser vivido em algum dia, no futuro, que por certo há de vir, em outra fase, da lua cheia.