Um novo direcionamento

Cai o sol e,

Com ele,

Todo o verão.

A aurora é metástase dos símbolos:

Consoante vai-se a luz, vem-se,

Distante,

A própria luz.

O discurso da natureza

É titubear os seus ciclos,

O que, aos descuidados,

É a própria representação

Da inocência do Deus.

Aos poucos,

Dilatada e versátil,

Sobe a noite lactante.

Traz, ela, a sublimação das dores universais;

Traz os ensejos, as vozes gélidas, os desejos reprimidos;

Traz a novidade, a vontade

De ser outra vez.

E ela não cala, não se exime dos perigos –

Que poderá a sombra perto do clarear? –

Seu rosto é rijo, autocrático;

Mesmo assim, nela não se vê ditadura:

Concorre um poder dos homens, pelos homens.

E irão dizer, alguns poucos, que o laço é afeito,

Que não há novo Verdi a serenar;

A noite, do seu lado,

Conta que há novos tempos,

Novas metas,

Novos vínculos:

É tempo de inversão;

É tempo de guerra.

Não a dos astros,

Mas a interior.