era uma noite diferente aquela
preferia ter ficado em casa, mas acabei indo à festa
eu não estava muito bem
uma tristeza, aquele vazio que não se explica
comprei um vestido, dei um jeito nos cabelos, duas gotas do meu Chanel
peguei minha nostalgia e fui
lugar bonito, cheio de amigos, música, aquela coisa de sempre
melancolia fazia a festa aqui dentro
e então eu o vi
um homem impossível de se descrever
do outro lado da sala, junto a um janelão envolto num raio de luar
ou seria o luar que estava envolto nele?
seus olhos e os meus cruzavam o ambiente e os lábios ameaçavam sorrir
ficamos os dois parados, alguém cantava em algum lugar
ele não fez um gesto - era diferente aquele homem
apenas sorria, belo em sua beleza simples
alguém dizia alguma coisa - eu não via - sentia uma paz, uma paz
não sei quanto tempo passou
a gente se olhava com a lua batendo em seu corpo bonito
e uma calma foi se fazendo em mim
uma alegria súbita e sem sentido ia chegando
não havia pensamento algum
meus olhos fixos do outro lado da sala
não sei quanto tempo passou
eu estava feliz
a festa foi acabando
ele caminhou lentamente na minha direção
sua mão tocou de leve, com as pontas dos dedos, a minha mão
e se foi - nunca mais o vi
levou junto o raio de lua, que acho fazia parte dele
de onde eu estava ainda pude vê-lo entrar no carro
aí o inesperado... ele desceu o vidro, me olhou de novo
sorriu e disse uma única frase
"ei, o meu nome é Ricardo..."
Foto
Restaurante do Hotel Termas da Guarda - Tubarão - sulll Catarina - um sonho de lugar