A minha vida
A minha vida é como uma oração
Repetida em cada liturgia sem quase nada mudar.
Mudam, às vezes, as pessoas que me encontram na rua e dizem adeus.
Sem muito me preocupar, vejo minha vida passando diante
Dos meus olhos e não me dá o direito de retê-la por um instante
Em minhas mãos e contemplá-la enquanto ela somente passa,
Pois eu queria prendê-la quando ela resolvesse
Sair por aí catando dias e colocando sobre minhas costas cansadas.
Eu muito tenho tentado entendê-la, como um leitor de
Nietzsche, que na segunda leitura de Assim Falou Zaratustra
Desce da montanha resignado.
A minha vida é um sol que encerra o dia
Dando graça do amanhã que retorna
Até o dia em que ele não mais voltará.
Sem preocupação, saio para o trabalho de manhã
E levo minha vida comigo
Pela longa estrada até onde devo cumprir meus deveres.
Momentos há em que eu penso sobre o sentido de todos os dias
Fazer o mesmo trabalho para me contemplar com coisas
Das quais não preciso e Minha vida fala comigo sobre um assunto
Que eu não conheço bem.
E eu me esqueço do pouco sentido que a vida faz, às vezes,
E volto ao trabalho e insisto nele até cansar meu corpo que pede
A volta para casa quando a noite chega.
Não tive preocupado comigo o quanto deveria.
Atendi a tantos senhores e senhoras aflitos
E desperdicei uma chance de cuidar da minha própria dor.
Dor que é de existir e não compreender a medida desta aventura.
Dor que assola porque não conheço o meu limite.
Pela manhã quando acordo a vida parece ser simples e sem mistério.
Jogo a água gelada no rosto e afasto o meu sono
Que não se contentou com a noite.
E escuto uma canção de uma vida de que alguém compôs
E naquele dia ela se parece comigo
Como se as vidas fossem todas iguais em alguns momentos e a
Música fosse uma prova disso.
Sem pressa, meu café me observa da xícara enquanto
Leio as notícias no computador. Os fatos nem me diziam respeito,
Mas desnecessariamente me detive a eles e o café esfriou.
E à tarde quando volto para casa e uma nuvem negra de chuva
Recobre meu horizonte e me avisa da chegada da noite
E eu acendo os faróis do carro e
Rio sozinho enquanto uma música de John Denver toca no rádio.
A chuva chega tranqüila e me agradece por tê-la recebido
Com um sorriso na face.
Noites existem, porém, em que a chuva não aparece e a lua cheia Desfila seu encanto no céu.
Não há como ser indiferente há um luar tão perfeito
Que a lua parece brotar do chão do horizonte da minha cidade
Que eu vejo do meu caminho de volta.
Como é bom ver a vida passar e somente saber
Que ela passa e não me cobra nada.
Lembra-me apenas que ela passa com justiça, dando o mesmo tempo
A todos no seu decorrer.
No fim do dia eu chego cansado
E dou conta acerca dessas coisas e eu constato
Como é bela a simplicidade da vida que eu tenho vivido e sonho ser Poeta
Para traduzir na beleza simples das palavras todas estas maravilhas
Que os meus olhos certificam todos os dias.