Eterno Entreabrir...

Eterno Entreabrir

Estava entreaberta,

Um feixe de luz adentrava timidamente...

Fora deixada assim propositadamente,

Sutilezas de um propósito.

Havia uma espera,

Um aguardo,

Um olhar no portão,

Na janela,

Um sempre esperar.

Ainda que fosse um único esperar.

Um único sinal que fosse,

Qualquer sinal.

Aconteceria...

Quer fosse carta

Ou Recado,

Um bilhete no verso da carteira de cigarros amassada,

Uma letra reconhecível

Um Postal vindo de longe...

Notícia no Jornal

Ainda que fosse num canto de página grafado com cruz.

Aconteceria...

Quisera tanto fosse convite solene com letras em prata,

Sonhara por um telefonema,

Vindo do orelhão, a cobrar,

Só um “oi” _desligar...

Mas já seria um sinal.

Esperado,

Já tão desbotado,

Já roto, rasgado.

Mas, aguardaria...

Por isso deixara assim,

Entreaberta

Dia e noite,

Noite e dia,

Noite após dia,

Esperaria...

A conta do tempo perdeu,

Contou em contas, pedrinhas...

Qual carne ao sol, secou.

Perdeu sangue,

Quase feneceu...

A pele rachada marcou.

Neve, somente nos cabelos...

O tempo que tudo arrasta desfaz, arruinou,

No olhar, como na porta um raro feixe de luz, restou...

O tempo e o silêncio,

O silêncio e o tempo,

Que tudo transforma,

Isso deixou.

A luz,

A espera,

A espera, a luz...

Aguardaria...

Nunca se fecharia...

Entreaberta permaneceria

Pelos tempos assim seria,

Seria

Assim...

Eterno Entreabrir...

Roseane Namastê
Enviado por Roseane Namastê em 03/09/2009
Código do texto: T1790533
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