Minha dileta

Tu, minha dileta,

És o ledo dos meus olhos;

O convolar do meu ódio;

És a mente esparsa,

A idéia certa,

Ou a farsa;

És a resposta anímica

Dos meus afagos.

És o gosto subtraído,

Do cheiro roubado.

És a rosa que por um dia meneei.

Ela que virou, de repente, você.

Em uma patuscada meti-me a verter

Lágrimas de saudade.

Em estado ébrio,

Vivo no forte paladar dos vinhos -

E certo é que se entenda que isso

Foi o despejo dos sentimentos, das torturas,

De como lhe gostarei assim, até o futuro.

Então carrega-me, em abraços, a uma tarimba segura:

Sou o soldado que moldura

A solidão com objetos conhecidos -

Com sentidos -,

Com algo que traga-me tu.

Ah como é imensurável

O côvado do teu afago...

Sinto um laivo de resguardo:

Não quero só tua voz,

Quero a voz dos teus beijos,

Quero-te, em segredo.

Quero os lábios

Do teu ser inteiro.