Inevitabilidade
Algo no jeito como teus ossos se delineavam sob a pele me dizia que eu nunca te possuiria.
A forma e a textura dos teus lábios me faziam ansiar traçá-los com os dedos, para explicar-lhes o mistério do teu sorriso de quietude secular,
como em certeza da vitória - teu sorriso de gato mais sabido do quarteirão.
Teus olhos cravavam-se em tua carne como que para ocultar todo sentimento; tu vias através das paredes e em voltas das esquinas...
e não me vias...
Tu estavas sempre perfeitamente ali - tu e a lei da gravidade, no entanto, tua realidade fugia enlouquecedoramente.
Minhas mãos tremiam demais, e eu sabia, por baixo dos teus murmúrios adoráveis, uma hiena feroz...
...
Minha pele já não guarda mágoas ou fragrâncias da tua; o que sentias,
ou não, perdeu a grandeza; inevitavelmente, como gatos se cruzam em beco escuro.