Daqui ao fim da minha vida
Quando a dama vier me buscar na calada da noite eu recusarei seu beijo, se o meu coração se recusar a bater, se uma bala me atravessar o peito, se o câncer devorar minhas entranhas, se a minha fé fraquejar mesmo assim eu não irei. Eu sou a eternidade, a dádiva do filho que é pai, o toldo que resiste a chuva, a mão incorpórea dos deuses.
A vida é um incerto preparo para a morte e eu empenhei o desabrochar do meu tempo para o dia em que a pergunta da qual uma resposta só chegar a mim e eu responderei de outra forma.
Eu não morrerei.
Eu direi saia daqui, este é o meu mundo, o mundo dado a mim do qual cada um é sua própria lei e a minha lei é a eternidade.
Erga! Aponte logo sua ceifa para mim porém minha garganta ela não cortará! Vossa impotência perante os vivos será desnudada na frente do teu próprio reflexo, o tempo andará para trás e a própria morte será revogada.
Venha a mim, logo.