O DIA DO POVO
E a seca que perdura
Não esgota a paciência dos moradores
Daquelas paragens há muito sofrida
Pela aridez que se renova à séculos.
Do espertalhão se espera tudo
Menos a honradez da verdade
Tal qual criança criada amiúde
Nem um pedaço de bons modos
Àquele que não teve dos seus
O espelho do exemplo esperado.
E do cadafalso outro vivente
Exposto ao espetáculo mórbido
Olhares curiosos e famintos olham
Sem saber que aquele que parte
São eles no amanhã próximo.
De dedo em riste
Aponta o ditador àquele que condena
Sem apelação prevista em código
Cumpra-se a sentença.
E chegada à hora do povo
Sem ingresso ou cambista que seja
À guilhotina rei e rainha foram levados
E pelas mãos do povo sucumbiram aos gritos
Da França espalhou outras bandas
E tal gesto foi imitado.
E disso tira-se uma lição
Que não se engana ao povo
Para não ser julgado.