Para sentí-lo

Busquei entre os versos condenados ilusões, entre os estranhos conceitos novos estreitos euclidianos, entre meus dedos melodias exaltadas, entre as flores sonetos apaixonados, entre irmãos aquele ódio não explicável, para esquecer minhas culpas aquele velho ditado sem graça.

Nas esquinas sedentas reflexões de antes, separadas enquanto fogem de mim, agora dominadas pelos escravos da língua, libertários ilusionistas para alcançarem públicos distintos, na verdade intelectuais masoquistas, e amanhã estarei convosco, oh! Liberdade áurea, assim como com minha amada companheira devotada aos ventos, levada pelos mesmos, consubstanciada pelos desejos e influenciada, via de regra, pelas centenas de corpos ardentes, alguns celestes, outros bem aqui ao lado morando de aluguel em meu peito.

Suscitam-me este desejo de falar o que convém ao que me detém, quando na verdade nem este desdém acompanharia tamanha imprecisão, ao descrever aquele que desde o princípio incitou-me a escrever com tanta vaidade, assim como meu irmão conselheiro, invisíveis palmeiras indicam-me o rumo das coisas, em suas folhas não nego, ainda que abatidas ou quebradiças, mantém-se a fim de que ninguém diga que não há caminhos a serem seguidos.

Por difíceis caminhos percorri buscando este vento impreciso e precioso, cuja origem e destino desconhecidos confrontam-me na medida em que busco a menor distância entre meus versos, o perfume das reflexões melódicas e minha real capacidade de ignorar tudo aquilo que, por decisão própria, decidi não escrever aqui.