Porque não foi à toa
Porque não foi à toa que mencionei amar-te.
Eu acreditava piamente em ti, qual expressão da verdade, e tu que fizeste? Ignorastes a mim como um vício de fim de dia. Tu meu fragmento de ternura, nunca farás ideia do quão incomensuráveis são as coisas que por ti não fiz. Porque não quiseste.
E agora, navegando por este sem fim de vontades que me incineram, beijo pessoas que manifestam-se nas saudades de um amor que não mataram. O perfume dos lençóis em que pousaram mil corpos de mil amantes, nunca se tornarão iguais ao teu cheiro de revolução. As vidas abnegadas que, de uma causa imprevisível, se uniram uma à outra para não mais contemplarem morrer o fim. Os complexos e os traumas que atiraram abaixo cada sorriso não são mais que detalhes banais quando acontece o calor intenso de um suspiro soprado ao ouvido no abraço mais cálido.
Quiçá se tudo não passou de pura dependência psicológica? Que por mais verdadeiras que ousem parecer as marcas do teu amor no meu coração, a realidade for esta? Um fracasso terrível numa verdade imaginária. Já sonhei demasiado hoje, meu bem – vou para a cama, antes que comece a chorar de saudade e a respirar o silêncio que me acalma por mil noites.