caquinhos da infância!

Corpo esquálido pelas agruras da vida. Era assim meu avô.

Sim, meu avô lambia a palha de milho esturricada sobre o velho fogão a lenha. Um fio de arame, enferrujado, abrigava estas palhas - havia paciência naqueles gestos - e rotina -

Final de tarde. Sol escondendo-se do brilho da lua e ele lá- de cócoras- lambendo a palha do milho que havia sido cortada pacientemente pelo canivete trazido à cintura. Um gesto que se repetiu durante muitos anos- Meus olhos acompanhavam aquele ritual

- em silêncio-

Seu corpo cheirava pito de palha. Mãos de fumo de rolo desenhavam anéis de fumaça que se perdiam aos pensamentos. Meu avô, sim meu avô, pouco falava. Era todo silêncio dentro dos olhos miúdos!

Carmem Lucia
Enviado por Carmem Lucia em 26/08/2009
Reeditado em 26/08/2009
Código do texto: T1776643