Dá-me, Rosa

Dá-me teu cheiro, Rosa,

Para que, taciturno, possa eu representar

A peça da natureza.

Dá-me um cheiro, Rosa:

Quero, em demasia,

O cilindro de esperança

Que expande esse teu jeito de pensar.

Dá-me os gestos, as cores, as feições;

Dá-me alegria, Rosa:

De tristeza vivo, urgia;

E por teus lábios, em felicidade, há de morrer

Pouca coisa,

Aquela doida coisa

De te querer.

Dá-me amor, Rosa -

Ainda que saiba eu que isso pode tu não me dar -

Dá-me amor...

Dá-me o que sou,

Porquanto conheço-me no outro.

Dá-me amor, Rosa.

Dá-me a mim, Rosa,

Que muito mal me conheço.