Escrevo-te uma carta de amor
Sento-me, em silêncio, escrevo-te, sobre a nua folha de papel. Derramo as palavras como notas soltas de uma música qualquer. Entrego em cada letra um pedaço do meu próprio corpo, que rasgo de minha alma feita de vento. Escrevo-te, palavras de amor, sentidos e paixões, lugares e emoções que se soltam do meu peito. O quarto parece imenso quando não estás, as paredes nuas recordam-me as sombras de corpos despidos que oscilam ao sabor de velas acesas nas madrugadas de loucura.
Escrevo-te uma carta de amor, para te dizer da saudade e dor, da ausência que teu ser me provoca, um lamento suave que teu corpo recorda. As letras soltam-se e preenchem as folhas que declamam o poema da minha paixão, palavras recortadas do meu âmago, por ti inspiradas, como vento quente de emoção. Escuto a tua voz, como último tango que os corpos colados neste quarto fechado dançaram, como canção melancólica, que numa noite qualquer invadiu nossos seres de prazer.
Esta carta meu amor, é para te dizer, que as letras se formam na alma, como flores que nascem num jardim secreto, que cuido todos os dias. E aqui, onde me sento, estás a meu lado, eterna Primavera que a cada momento me espera. Abraço perfumado de essências que a cada noite me aconchega em seu ventre despido. Esta saudade terna, é fruto maduro da eternidade de um amor sem tempo nem escala, que o próprio Universo trespassa e segue em direcção a ti, mesmo quando estás aqui, ao pé de mim.