O partir do sol

Senti o sol partindo-se em pedaços

Homicídio culposo e confesso:

— Não tive a intenção, mas o fiz. Sem razão.

Talvez algo inconsciente tentando sabotar-me

Revelar-me pelo errôneo escondido sob tantas camadas:

De madeira e pele, capa e carcaça — Sem reflexo

Sem cor, sem tom, sem som — meu Folk é fosco e tosto.

Uma vampira! Eu?

Confinada à escuridão, ao frio calar da noite que já não sinto

Reclusa, ao silêncio mortal deixado pelo partir do sol.

Ainda tenho dó deste vazio... Embora tardio, fez-se a luz:

Tinha eu que ter partido — justo — o sol?