AMANHÃ EU VOU

Que enigma o soturno canto

Nas histórias que ouvi

De minha gente de Campos, Ururai

É de uma ave que ensalma

Noite afora, acima dum jirau

Piando promessas

Que sabe não poder cumprir

De dia ele se aninha no chão

Entre um bambuzal

Não por lentidão ou preguiça

Talvez só pra poder refletir

Sobre a sua extinção

Quanto medo bacurau

Quanta lenda

Quantos contos dizem ser de gente

Prometendo a noiva resgatar

No seu canto há só promessas

Sim há

De esperança Caprimulgus

E coragem na alma interna

Que seu futuro é o que virão resgatar

Daí a sua promessa eterna

“Amanhã eu vou!”

Soaroir