Canção

Coloquei os fones nos ouvidos e via tudo à minha volta paralisar. Surgiu uma porta de onde vinha uma melodia e o cheiro agradável da felicidade. Vieram uns diminutos seres humanos, todos vestidos de amarelo, com uns compridos cabelos pretos e um certo bocado mais baixos que eu. Começaram a puxar-me para adentrar por aquela abertura.

Quando adentrei, eles deram-me um comando para a mão, fazendo gestos, desejavam que eu carregasse num dispositivo. Quando o fiz surgiram umas letras, reconheci o nome das canções que costumo escutar. Escolhi a Palavras ao vento na voz de Cássia Eller, eles começaram a correr e passavam por mim com uns grandes anúncios com representações tristes da minha vida. Eu não gostei, mas queria ouvir aquela canção tão agradável, que me deixava calma, esforcei-me para pensar em coisas boas e não reparar naqueles anúncios. Consegui, reconheci que não era tão frágil como imaginava. Então, cansada daqueles seres humanos irritantes, coloquei Carta de amor na voz de Jota Quest, aquelas palavras fortes eram como se batessem nos problemas que passavam na minha mente, e só me permitia centralizar na canção. Os homens desapareceram e eu fechei os olhos, permanecendo em tranquilidade. Estava achando bom aquilo. Comecei a mudar para canções mais felizes, e apareceram os homens de novo, começaram a fazer coisas tão espirituosas que me permitiam sorrir às gargalhadas.

Os fones caíram, tudo desapareceu, despertei do meu universo. Ainda escutava os seres humanos a cantarolar e as suas pequenas gargalhadas, o que me deixava ainda mais viva, só que foi desaparecendo, até que sequer um bocadinho restava.

Desejava viver naquele mundo para sempre, quiçá um dia lá retorne...

Tatiane Gorska
Enviado por Tatiane Gorska em 23/08/2009
Código do texto: T1769613
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.