MELODRAMA MUDO

MELODRAMA MUDO

a ninguém foi proibido

o delírio de sonhar,

nem sequer aos poetas,

que sonham a vida real.

Imagino, nos devaneios

do pensamento machucado,

de como seria divino espreitar

través as frestas arejantes

da cabana da felicidade,

os raios aureocerúleos

de um sol inda criança

que festeja o dia nascente

com seu próprio nascimento

com o riso da natureza

que seu despertar nos alcança;

com o sol quase a pino,

misturar seu calor ao nosso,

de corpos nus e mãos nas mãos,

aspirando a maresia

e a pisar descalços

as mornas areias brancas

de praias inóspitas,

com a volúpia dos amantes;

e, para êxtase das almas,

saborearmos juntinhos

um pôr-do-sol lindo

que se embala mansamente

nas marolas vespertinas

de um mar imaginário,

desde o alto do penhasco

da ilha da esperança

dos nossos mais ricos sonhos.

Afonso Martini
Enviado por Afonso Martini em 22/08/2009
Código do texto: T1767789
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