MELODRAMA MUDO
MELODRAMA MUDO
a ninguém foi proibido
o delírio de sonhar,
nem sequer aos poetas,
que sonham a vida real.
Imagino, nos devaneios
do pensamento machucado,
de como seria divino espreitar
través as frestas arejantes
da cabana da felicidade,
os raios aureocerúleos
de um sol inda criança
que festeja o dia nascente
com seu próprio nascimento
com o riso da natureza
que seu despertar nos alcança;
com o sol quase a pino,
misturar seu calor ao nosso,
de corpos nus e mãos nas mãos,
aspirando a maresia
e a pisar descalços
as mornas areias brancas
de praias inóspitas,
com a volúpia dos amantes;
e, para êxtase das almas,
saborearmos juntinhos
um pôr-do-sol lindo
que se embala mansamente
nas marolas vespertinas
de um mar imaginário,
desde o alto do penhasco
da ilha da esperança
dos nossos mais ricos sonhos.