Egoísmo

Busquei todo o resto de silêncio que o cair da noite poderia me oferecer, suguei com ela cada pensamento.

Retorci ainda mais o nó em minha garganta, sufoquei com minhas lembranças de dor os soluços insistentes.

Atirei com o arco e flecha, do danado do cupido, bem no meio de todo aquele nada que me cerca.

Me joguei no travesseiro, mergulhei meu rosto nele.

O nó desatou, o soluço escapou. Me afundei em minhas lágrimas, acordei com a face inchada.

Meu coração apertava me fazendo perder os sentidos, era irrespirável... é amor demais guardado.

E quando já não há mais nada, olhos secos, arregalados, boca entreaberta, mãos fechadas - agarradas ao travesseiro.

Escuridão.

Lua.

Luzes estrelares.

Paredes sozinhas.

Quarto vazio.

Não estou aqui.

Estou lá fora - com a noite.

É tudo sempre tão triste, tão mórbido, tão meu, sempre "eu"...

Tão egoísta assim.

Falando de amor.

Rimando dor de maneira cruel à mim mesma.

Me deixando sozinha no meio de tantos.

Afogando as palavras, todas elas, em minhas piores desilusões.

É, busquei todo aquele silêncio inútil em mim, busca inútil. Só ouço gritos, todos vindos de sentimentos amordaçados.

AnaNunes
Enviado por AnaNunes em 22/08/2009
Reeditado em 22/08/2009
Código do texto: T1767669
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