É Isso

Delírio insano esse que nos cobre de pó

Quando de anzol na boca desfilamos

Por cima, pelos hemisférios, em cortes sérios

Somos engomados e derretendo, adoecemos nas áureas cinzas

Ziguezagueamos por terrenos e esquifes

Atravessamos com jeito de nobres, os infindáveis desertos de lua.

Somos bactérias do bem, introduzindo, apresentando-se

Estimamos, e boquiabertos, convidamos a aplaudir

Os servos do palácio de sumo ácido a nos cauterizar

A fim de aleijar, matar, assoprar.

Tentamos digerir ilhotas num ístimo, num plágio

Manobras ágeis ressecam e re-hidratam, são frágeis

Somos todos, sementes inativas

Tristes de vida, pobres em lembrança

Mestres de uma contradança delineada e afoita

Apologias nos cerceiam, nos esfriam

Mores sentimentos de mentes quentes e desopiladas de ócio

Vozes e alimentos dementes de entes, decapitados ossos.

Sangram de jarra tinta, o intróito em engajado breve

De uma couve de tenras folhas com manteiga e pães

Que nos causam fome nas manhãs e inanição nos lençóis

É aí que paramos!

Ponha na lenha comida pela chama

A lenta e sempre moça de pijama

Rota de ternuras, sem furos ou muros

A nos compelir, a nos retocar, a nos importar

Confidencie aquelas não mais cerradas janelas

De um dia em torno do lampião aceso.

Segue o curso de uma história repetida

Por vezes até medida, ignorada na ida

Captando no torque da lenta marcha

A caixa de surpresas, intrínseca em nós

Neutralizando, varrendo, nutrindo e ativando a voz.

Cesar Poletto
Enviado por Cesar Poletto em 16/06/2006
Código do texto: T176577
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