Secreto Lamento

Estava só.

Respirei vezes em solavanco

Alternei as cheias com solar encanto

Espero assim, seguir os dias

Sem lenço, nem pranto.

Nuvens se apagam, esvaem-se como outras

E poucas restavam

Em poças estavam

Cego acho-me, deixando expandir

Permitindo-me, memórias a despir.

Protelei as notas

Violinos e vozes sem coração me continham

Era imensa selva em torno, virgem e parasitada

Ecoou xingando.

Os purês, as maçarocas de frases

Deve-se muito ao arcabouço frágil e itinerante

Suspirei os minutos simples na batelada dum afeto

Outros acordes faziam revoar abutres

Os mais moles e tendenciosos que por ali haviam

Não os neguei, apertei-os como a um mudo braço

Aportei-os num senhor de capote

De espaço, fundei labirintos, aqueci-os

O sol de intruso.

O vento ausente atendia a outro chamado

Debandou sereno, compelido

Estive só, num átimo, bem pouco

Necessário foi, fulgurou

Calafrio insustentável, insuportável

Hão de se achar as pedras em quedas

Nas paredes e nas frestas

Da manhã acinzentada

Secando cinco gotas dum orvalho não poético

Derretendo as infâmias do tempo,

Roto, leso, íntimo e verossímil.

Sabia tudo, tinha-o por mim,

Inteiro, incondicional.

Eram pétalas, de fragrâncias ímpares

Intocáveis.

Era saliva a escorrer,a acirrar conflitos

Derreteu linfa em jóia

Na raridade da Terra

Temer...

Não me era permitido

Pendia ali, na alcova

Tendo de alcunha, o louco, o psicótico

Entorpecendo lamúrias, abismos renitentes.

De tiro em pólvora,

Queimei os sonhos, esparramei os miolos.

Cesar Poletto
Enviado por Cesar Poletto em 16/06/2006
Código do texto: T176567
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