SERTANEJO
Eta!
Que dessa vida não desapego
Apeia do cavalo
Cabloco irmão meu
Sangra a terra que te sustenta
E se atenta para as nuvens ainda arriba.
Se apruma para o dia de festa
Do Benedito ou do Expedito
E se vá a procissão seguir
Que a fé se confirma com participação
Dirão os mais esclarecidos que nada conta
Ter fé e não razão.
Se aquieta se não podes negar
Que nos outros se vê o que sou
Nada e simplesmente aquele que anda
Ruas escuras à frente se dão
Tão próximo e distante está.
Eta!
Que nada quero senão
Uma prosa, história ou causo que seja
Lá do sertão outras vozes escutar
E Portinari os Retirantes nos brindou
As imagens que teimavam negar.
Se achegue então você
Que venha acá e seja bem vindo
E munido de boa vontade acreditamos
Que teremos mais um amigo
Pra da nossa roda participar
E suas histórias nos contar.
Eta!
Que por nada largo
Um tiquinho um nada que seja
E da peleja que é a vida no sertão
Lá do céu o carancho
Só de espreita fica esperando.
Eta!
Que por aqui vou ficando
Em dívida que sei assumi
E se pagá um dia poderei
Não posso precisar
Mas com a mão no bigode que tenho
Desde pequeno aprendi
Palavra dada é empenhada
Então contrato não necessita assinar
Louvados sejam os sertanejos ancestrais meus.
Que Portinari imortalizou.