SERTANEJO

Eta!

Que dessa vida não desapego

Apeia do cavalo

Cabloco irmão meu

Sangra a terra que te sustenta

E se atenta para as nuvens ainda arriba.

Se apruma para o dia de festa

Do Benedito ou do Expedito

E se vá a procissão seguir

Que a fé se confirma com participação

Dirão os mais esclarecidos que nada conta

Ter fé e não razão.

Se aquieta se não podes negar

Que nos outros se vê o que sou

Nada e simplesmente aquele que anda

Ruas escuras à frente se dão

Tão próximo e distante está.

Eta!

Que nada quero senão

Uma prosa, história ou causo que seja

Lá do sertão outras vozes escutar

E Portinari os Retirantes nos brindou

As imagens que teimavam negar.

Se achegue então você

Que venha acá e seja bem vindo

E munido de boa vontade acreditamos

Que teremos mais um amigo

Pra da nossa roda participar

E suas histórias nos contar.

Eta!

Que por nada largo

Um tiquinho um nada que seja

E da peleja que é a vida no sertão

Lá do céu o carancho

Só de espreita fica esperando.

Eta!

Que por aqui vou ficando

Em dívida que sei assumi

E se pagá um dia poderei

Não posso precisar

Mas com a mão no bigode que tenho

Desde pequeno aprendi

Palavra dada é empenhada

Então contrato não necessita assinar

Louvados sejam os sertanejos ancestrais meus.

Que Portinari imortalizou.

silvio lima
Enviado por silvio lima em 21/08/2009
Código do texto: T1765555
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