Alvorada e Deserto
O mundo aguarda, desce uma estrela
Paredes em limbo, dunas em movimento
Minguam as fontes, agrestes sob o teto.
A distância e a ausência embalam rumores
Nas frestas, o frio agoniza.
Entre os planos, os anos nos panos, nos lençóis
Hesitantes as meias idéias, moribundas
Açoitam e ferem, deflagram torpor, insano na dor.
Com trancos nos flancos, cedem os troncos
Nas águas turvas procuram o rumo, morrem os faróis
Espadas a emanar luz, a nadar com graça
Vai e vem dos modos, de brumas e nódulos.
Pureza rejeitada, solidão se avizinha
Na linha da vida, tomo de espera
Afugenta a paz interna, ínfima e tosca um sopro enterra.
Toda a magia é dizimada
Escutam-se vozes de silêncio aborrecido, pobres anseios.
Um estouro, um blecaute, dornas fermentando
Observa a irmã, intempestiva omissão.
As pétalas cedem e o enfado nas sépalas reage ao vento,
Encarquilha, degenera-se.
E traz pra dentro, pálidas lembranças, cálidas no tempo.
Assistindo a tudo, minúcias escaldantes
Em contato com a lava, apenas instantes
Pífios amores, passados em cores, apenas rumores.
Esvaem-se na chuva, as liras, as angústias
E os sonhos da véspera intercedem enfim
A fria brisa, quente em tudo, abstém-se em nada
Complacente e quente a acariciar o vencido.
Suavemente, o leito aquecido e emplumado
Dispensa mera atenção ao semblante sábio,
Assaz carregado.
Por telepatia, a vida se estende
E a lua cede ao sol, o trono presente.