[A Agonia da Esperança]
O que me importa se a Esperança agoniza, exangue,
se nada dura para sempre, exceto o quê... não sei?
E se a Esperança institui-se mesmo só para agonizar,
então, por que esta pergunta descabida?
Esperança é palavra que nunca anda na minha boca!
O Absurdo sim — sempre esteve no meu visor:
o que me importa a vida se eu for obrigado
a assistir a tudo — e sóbrio, isto é,
com os meus olhos desarmados?!
Não perdi o meu senso de futuração,
e não estou morto por que vivo o Presente,
por que amo curtir a duração do instante —
ao contrário! — invejo os cultores do prazer imediato!
Mas se digo que agora estou morto,
é por que, pela minha frágil textura de ser,
isto é, pelo modo como me construí,
eu não fui capaz de viver um grande amor
até as últimas consequências!
Repetindo:
a gente não morre quando se diz sem futuro,
ou quando sente a agonia da Esperança — não! —
a gente morre quando deixa o amor bater asas,
quando a nossa fraqueza aguarenta a vida!
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[Penas do Desterro, 20 de agosto de 2009]