[A Agonia da Esperança]

O que me importa se a Esperança agoniza, exangue,

se nada dura para sempre, exceto o quê... não sei?

E se a Esperança institui-se mesmo só para agonizar,

então, por que esta pergunta descabida?

Esperança é palavra que nunca anda na minha boca!

O Absurdo sim — sempre esteve no meu visor:

o que me importa a vida se eu for obrigado

a assistir a tudo — e sóbrio, isto é,

com os meus olhos desarmados?!

Não perdi o meu senso de futuração,

e não estou morto por que vivo o Presente,

por que amo curtir a duração do instante —

ao contrário! — invejo os cultores do prazer imediato!

Mas se digo que agora estou morto,

é por que, pela minha frágil textura de ser,

isto é, pelo modo como me construí,

eu não fui capaz de viver um grande amor

até as últimas consequências!

Repetindo:

a gente não morre quando se diz sem futuro,

ou quando sente a agonia da Esperança — não! —

a gente morre quando deixa o amor bater asas,

quando a nossa fraqueza aguarenta a vida!

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[Penas do Desterro, 20 de agosto de 2009]

Carlos Rodolfo Stopa
Enviado por Carlos Rodolfo Stopa em 20/08/2009
Reeditado em 12/09/2012
Código do texto: T1763707
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