Arcozelo
"Uma luz a diluir sombras...barcos à espera..."
Ana Cris M
(A uma certa hora
onde se vai, recriando a noite
pela orla narrativa)
(Sem saber
quando foi, sobre os lagos
de um nome breve)
(E tu como uma imagem
em anéis,
desce com os lábios
um som visível)
(Até quando um ombro
acende a solidão
ou a fuga a ela
ao lado do mar)
(Arcozelo,
onde nunca estiveste e as praias correm pelas dunas e o vento nas áleas do silêncio que fica na beleza atmosférica do lugar, a tua face pelos veios da névoa cerzida ao poente, até quando a luz se elege pela marginal dos bancos metálicos da espera)
(Sem saber
o preço dos gelados por os não comprar, não saber o que entender dos companheiros da vida que se cruzam na avenida, aquela solidão do mar que me disseste, a sua dignidade, o mar adjacente ao rosto de o olhar mais dentro)
(em cada frase de uma noite,
aqui se podia ouvir as árvores erguidas numa relva álgida, os vidros do exílio em que tocamos com os lábios o incêndio da pele, o que sentir mais perto nos limites do vácuo enquanto as velas do corpo vibram na linha de um pulso)
(Arcozelo,
o inverno espera o mar, a humidade que fica logo cedo nos bancos metálicos alinhados ao destino e os candeeiros se acendem geometricamente em cones de sombra, observo a impaciência dos navios longínquos para entrar nos cais, como nós,
a uma certa hora
convergente,
onde se vai
em pleno voo)