DE MINHA JANELA
Do alto,
Ainda naquela mesma janela,
Olho para as copas das árvores
Que ao início da primavera, foi pincelada,
De tons diferentes de verde.
Vejo os jardins, alguns muito estreitos,
Bem floridos, rodeando os quintais,
Outros, sofrendo na falta de cuidado.
Sinto pena destas flores, Que murcham,
Sem o devido zelo definham em terra seca,
Similar ao descaso que tive em meus amores!...
Em muitos terraços existem roupas estendidas
Lençóis brancos, vestidos coloridos,
Lá, mais adiante, vejo movimento,
Alguém vistoriando estas roupas,
A recordação bate forte, quando você ainda comigo
Alegre e feliz fazia esta mesma vistoria.
Um pássaro em seu vôo passa rente ao meu rosto
Carrega no bico o que parece ser uma folha
Provavelmente para agasalhar o ninho,
Uma lágrima furtiva escorre lentamente,
Ele parece dizer-me, ninguém vive sozinho.
Noto, ali mais a frente uma roseira trepadeira
As rosas em cores vivas, enfeitando o muro,
Lembro, daquela em nosso portão
Onde tiramos milhões de fotos
Que hoje se encontram amarelecidas,
Trancafiadas em uma caixa qualquer.
Soluço baixinho, engolindo meu pranto
Fecho a janela, recolhendo-me ao leito,
A solidão e a saudade parecem sufocar.
Talvez seja esta, a última vez,
Que nesta janela venha a me debruçar!...