ALUCINAÇÕES

Vagam flâmulas, penas, lírios ondulados por verdades escondidas no medo. Morrem as águas das chuvas engolidas pelos ralos das ruas. E seus ratos criam asas, e suas caudas viram víboras que engolem cérebros. Apagam-se as luzes das cores, que percorrem em velocidade absurda nas maravilhas alienadas do vácuo.

E o prolapso dispara o coração; o lapso, o lápis, o caos, a angústia; a cegueira, a dor, o rancor, as sobras. Matar a sede de viver no sal das águas azuis do mar! Folhas, caules, primaveras e outonos violados pelo mistério dos dias .

Fechemos a porta, amor, vamos comer dos ossos esquálidos do nosso egoísmo, vamos beber dos nossos corpos!

A massa cinzenta dos homens dissolvida na violência insana das nações. Troco oco, envelhecido, vão, quebrado sobre nossas cabeças!

O medíocre, o mesquinho, o abominável chicoteando nossas costas úmidas, onde brotam flores vermelhas de sangue!

O cativo, o escravo, o súdito das inconsistências mundanas. O regato, o recato, o relato, o recado que não foi dado. A fuga, a ruga que suga como pulga toda a energia que paira; cordas arrebentadas do violão; o farto, o enfarto, o estouro! Tudo do que se desfizeram com regozijo e pretensão envolvidos em vaidade que invade o cosmos.

O cão, o fogão, a tenebrosa mansão. As coisas engolidas pela materialização do sentido transparente das lacunas! Incoerência, inexistência de razão nas atitudes do conjunto vazio dos seres que se auto-humanificaram por meras circunstâncias.

Marco Aurelio Vieira
Enviado por Marco Aurelio Vieira em 17/08/2009
Código do texto: T1758335
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