ACALANTO

Enquanto o dia busca agasalhar-se,
A noite ensaia seus primeiros passos
Rumo a madrugada,
Em direção aos poetas seresteiros.
A lua vem bailando entre as estrelas,
 Enciumadas por sentirem-se tão pequenas.
E alguns poetas seresteiros
 Embriagados de inspiração,
Buscam descrever com exatidão
O que fora de compasso, lhes dita o coração.
Enquanto isso, os que não dormem,
 Deixam-se embalar pela doce melodia 
Que os seresteiros enamorados
Trazem abraçados a um violão
 Tão afinado, que até parece sussurrar
Palavras de amor aos que se sentem solitários
E cheios de saudades.
E enquanto a lua inspira os seresteiros,
Os também saudosos tovadores,
Sonham abraçados ao travesseiro
Que silenciosamente os escuta.
Assim a noite segue dando abrigo
Aos tristes solitários que não dormem  
E Inspiração aos poetas, seresteiros,
Que transbordantes de emoção
Deixão assim o coração falar
Sempre mais alto como se desejassem
 Que a lua os escutasse
Nesse acalanto de louvor à madrugada.