Réquiem para a Dama de Branco (dunas de Cabo Frio)

Dama de Branco

Amada e acariciada pelos ventos fortes e bondosos

Catedral ecológica de pureza finda

Morre Virgem, com seu manto rasgado

Pelo progresso criminoso

De homens cegos, surdos e vaidosos ainda

Oh paisagem do meu amor menino

Alisando minha pele com teu fino véu

Trazendo aqui para o chão

A via láctea do céu

Oh mãe que me viu nascer

E me embalou em teus ondulosos seios

Madona de pureza quando a aurora vinda

Dourada senhora quando a tarde finda

Pirâmide de alvura

Herança faraônica de reis da natureza

Que em momentos de grandeza

Olhando do céu com nobreza

Transportou para o chão sua nobreza

Olimpo tupiniquim de um povo bravo da beleza amante

Ferem teu alvo ventre, rasgam o teu véu

E sob teu manto sagrado, um corpo ondulante

Cuja chama de tua vida, seus filhos levarão adiante

Sai da praia, corra e voe sobre a restinga

Dobre a samambaia em teu caminho

Refugie-se em outro mar

Em praias de gente amiga

Não deixe que maculem ainda mais teu corpo

Vá procurar outro carinho

Dama querida

Sonho de minha infância florida

Gaivota livre voava em tuas fraldas

Galgando os píncaros de imaculada alvura

Olhada da praia pelo vaidoso mar

Imenso súdito a te devotar ternura

Dama

Pequeno Saara de minha vida

Oásis refrescante para olhos descrentes

Que só conseguem ver beleza

Através de tuas lentes

Não deixe que te tirem o véu

Não lhes mostre sua pele alva, profanada por suas máquinas

Não permita que a semente negra do caminho de asfalto

Macule mais uma vez teu santuário branco de devoção

Não deixe que te roubem o manto

Nem que te tirem o coração

Vai Dama de Branco

Segue seu caminho sem volta

Leve com tuas areias teu grito de amor

Calvário de tua jornada inglória,

Gólgota da tua dor.

Gecahy
Enviado por Gecahy em 15/08/2009
Reeditado em 31/03/2010
Código do texto: T1755867
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