...E POR QUE NÃO?
 
E por que não...
Sair a qualquer hora
Por aí – sem demora
Do dia ou da noite,
Em plena madrugada,
Ao romper da aurora
- Chuvosa ou enluarada –
Sem nexo, sem sexo
À procura do nada?
 
E por que não...
Falar com um estranho
Saber de sua vida,
Da ilusão, o tamanho
Dos amores passados,
De aventuras vividas
Quem sabe, enamorado
Talvez pela lua
Ou por uma dama nua?
 
E por que não...
Indagar à prostituta
As causas de sua luta,
De seus desenganos...
E em quantas camas
Teria se deitado
De puta ou dama
Por meros trocados
Que o orgulho amputa?
 
E por que não...
Olhar-me no espelho
E sentir que a vida
É mera coincidência...
Não vem da ciência
E sim de um momento
Carinhoso ou truculento
E na seda ou relho
Enfim – fui parida?