E como hoje é dia de lembrar..... lembro até da casa onde morei
durante anos. Nunca a esqueci.
Era pequena, simples, num bairro distante.
Lá passei boa parte da minha vida. Durante esse tempo
tive mais dois endereços, duas casas. Mas nenhuma deixou
tanta tristeza na saída, quanto a primeira.
E olhei para aquele meu quarto, santuário sagrado dos meus
desejos de adolecente cheia de mistérios.
Antes de sair, olhava as paredes já com saudosimo numa contrariedade de sentimentos. E saia naquele estado eufó-
rico de mudança com uma melancolia infernal de saudade.
Não sei, mas acho que a casa em que moramos e deixamos por outra ficam tristes também como se sentissem não merecer
mais o amor que ela nos deu durante um tempo.
Ela pressente o abandono, sabe que é inevitável.
Afinal tem alma também. Sabe que um dia isso do abandono
vai acontecer, como tudo na vida.
Mas creio que é sempre mais altruista que nós, pelo menos a
minha foi. Só deseja que ao sairmos levemos algo dela.
De nós mesmos ela não quer nada alem´ da saudade.
E ao sair daquela casa, olhei com ternura as paredes do meu
quarto para que ela sentisse o quanto importante foi para mim.