Abraço
Venho abraçar-te à beira deste mar imenso. Olhamos juntos o pôr-do-sol que queima a linha do horizonte, fazendo a água cor de fogo. Uma suave brisa envolve-nos os corpos e meus braços envolvem tua cintura, enquanto teus cabelos afagam o meu rosto. Este momento é o fim de uma etapa, o fim de um dia. Ambos esperamos pela noite, aguardamos ser transportados pelas estrelas para lá dos limites do tempo.
A praia deserta sente a presença de nossas almas que numa fusão perfeita se envolvem num beijo longo, o céu mudou de cor e invade-se de tons de rosa, para encerrar o instante em que os amantes se entregam. Vénus espreita-os, estrela da tarde, que chegam primeiro só para presenciar o momento, deusa de amores efusivos, ilumina o inicio desta caminhada de magia.
Depois, abraçamos os corpos, deixamos as asas brotarem e como gaivotas voamos, sobre as águas deste mar, em direcção ao infinito mundo dos sonhos, onde também o prazer dos corpos é permitido, onde a eternidade é feita de pedaços pequenos de tempo, onde o amor não é mais que querer dar-se e a fantasia é mais pura realidade.
Lá em baixo, continuam os corpos abraçados, agitam-se ao sabor do vento, como flores abertas em plena Primavera. Perdem-se em sonhos de olhos abertos, sintonia perfeita, telepatia. Sabem-se unidos pela força única de um amor que se completa, como peças de um puzzle que se encaixam, que se compreendem e em sintonia se ajustam.
As almas são metades de um todo, e seguem-se para onde quer que vão, fundindo-se em ternos abraços de paixão.