Infinita Lama

Deixe recair sobre a alma tinhosa

O pouco mel, quente e poético, que abranda as incertezas

Corte pelos arredores, dois dedos de páginas lesas e sacrificadas.

Plante nas falésias e cachoeiras o limo escuro cruel da inquisição

Sem oxigênio, desce a chuva rala

Toda escassez gera inverdade, sob intolerância.

Um amor extinto de bulhas territoriais não abrange, interna-se

Sentir poupando é entregar-se à adaga, é lamber o braseiro

De noite, nas tórridas alvoradas, deturpamos nossa essência

Não pelo caso ou descaso, mas pelo constante acaso

É a herança de teus pais que cava as aftas escancaradas

Ulceramos nós então, um caminho ou guichê

A inquietude plena é supérflua e nos faz viver

Às vezes, é preferível ser nada a deixar de ser.

Cesar Poletto
Enviado por Cesar Poletto em 13/06/2006
Reeditado em 03/11/2006
Código do texto: T174680
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