Infinita Lama
Deixe recair sobre a alma tinhosa
O pouco mel, quente e poético, que abranda as incertezas
Corte pelos arredores, dois dedos de páginas lesas e sacrificadas.
Plante nas falésias e cachoeiras o limo escuro cruel da inquisição
Sem oxigênio, desce a chuva rala
Toda escassez gera inverdade, sob intolerância.
Um amor extinto de bulhas territoriais não abrange, interna-se
Sentir poupando é entregar-se à adaga, é lamber o braseiro
De noite, nas tórridas alvoradas, deturpamos nossa essência
Não pelo caso ou descaso, mas pelo constante acaso
É a herança de teus pais que cava as aftas escancaradas
Ulceramos nós então, um caminho ou guichê
A inquietude plena é supérflua e nos faz viver
Às vezes, é preferível ser nada a deixar de ser.