A Mínima Importância
Não me oponho mais
Aos seus silêncios estranhos
Não me emociono mais
Ao seu isolamento tacanho
Já sei que não faz questão
Da minha preocupação
Já não sei como pensar em você
E já não perco mais o sono
Não acredito mais
Que tuas dúvidas e incertezas
Sejam maiores que as minhas próprias
Também vivo incerto
Também paro na bifurcação
Sem saber que caminho tomar
Também vivo questionando
Minhas próprias escolhas
Também vivo em guerra interna
Os dois lados nunca entram em consenso
Um se pergunta
Por que preocupar-me e ter
Por você tanto carinho
Recebendo em troca
Pouco mais que desprezo
O outro briga
Dizendo que teu sofrimento
Lhe dói demais
Que tuas dores
São muito maiores
Que precisa muito de um apoio
Mesmo que não o queira
Meu coração se divide
Pelo amor que senti sozinho
Pelo desejo de estar a teu lado
Sem que você me queira consigo
Pela mágoa que sinto calado
Por ser forçado a não esperar em troca
Nenhum carinho, nenhuma preocupação
Tua solidão é uma escolha tua
Minha solidão me é imposta
Tuas dores e incertezas
Não são diferentes das minhas
Nem melhores e nem piores
Tuas palavras soam cada vez mais
Como nada mais que palavras
Teu sofrimento não me comove mais
Teu silêncio não me desestabiliza
Já sou um desajustado
Um coração amargurado
Que tanto se importou
Sem ter pra você
A mínima importância