RETRATO
Jazia sobre a mesa seu retrato
E dele o que se via era apenas uma saudosa lembrança
Nos tempos de criança dizia
Que queria ser herói
Pra salvar a princesa.
Seus netos que dele guardam inefáveis recordações
Não faz tempo trouxeram fotos da casa
Iluminada a lampiões.
Àquela que chamam saudade
Não sabem mais que os poetas
Sonhadores que são
Falam aos outros
Dos sentimentos como tesouros guardados.
E saibam as crianças
Em tenra idade
Sabem do que sabem os adultos
Abandonados da inocência
Premiada na infância.
E não mais ainda
Doutores ou letrados que são
Do sertanejo que luta com a seca
Faz dele um homem de boa cepa.
E se assim não se convence os acadêmicos
Dirão apenas palavras soltas
Se dos livros não tiram um nada que seja
E da peleja que somente o sertanejo sabe
Ignorantes os acadêmicos da escola
Néscios nas questões da vida.
Percorrido lugares que jazem na lembrança
Nada resta senhores
Senão ativar a memória
Se permitam um desabafo
O que dirão os que pedem vossa permissão?
Então se agora se calam
Lembremos que o silêncio é desabafo.