CONVITE
Dos subterrâneos individuais
Inda pouco trouxera
Não lamentos ou esperanças pueris.
Da criança que chorava ao longe
Um lampejo de esperança via
Queriam suas lágrimas carinho ou repouso?
Terminado o dia que nascera nublado
Qual noite chuvova pregressa fora
Enfeitada com sua mais bela vestimenta
Pra princesa não faltava nada.
E interessados olhos olhavam
Não com o interesse do lobo faminto
Apenas admiravam excelsa beleza.
Se a Beatriz grande obra fora dedicada
E por Helena nações lutaram
E Ulisses que por dez anos
Mar e tempestade enfrentou
Pra um dia nos braços de Penélope deitar.
Inebriados com tamanha beleza
Homens poderosos seus reinos perderam
E ao fim e ao cabo da derrota certa
Vencidos pelos segredos da paixão foram.
Foram infantis ou fantoches?
Questionaram alguns
Sem uma resposta certa e convincente
Dirão somente que amaram.
E Pessoa e Álvaro de Campos
Do Tejo viram partir
Muitas naus e homens e sonhos.
E lá no cais ficaram
Os amores conhecidos e secretos
Pra uns a promessa da volta
Pra outros a certeza da lembrança.
E da pena que estimula a escrita
Palavras possam expressar
Não a dor que corroe e doi
Mas sim a verdade do momento.
E já tendo alcançado tal intento
Obstáculo se houve foi vencido
Não por mérito apenas da coragem
Mas porque o que se viu
Saiu das melhores das intenções.
E se Pessoa aqui foi lembrado
O foi somente porque conhece a alma
Não de um ou dez que seja
Mas de um coletivo
Que chama humanidade.
E como o barco
Ao inicio volto
Não para encerrar e recomeçar infinitamente
Apenas para ter a certeza que é na partida
Que se programa o retorno.
E se algum direito é reconhecido
Que seja o de estar entre amigos.