DEVANEIO
Ao Sul do meu corpo
Um sopro de vida latente explode
E sabem outrora os sonhadores
Que controlar tamanha agitação
Ninguém pode.
Questionado o que desejava
Em resposta aos habitantes do mitico Olimpo,
Aquele que aqui pensativo andava
Nenhuma palavra sua boca soltou.
E lá do pico de elevada montanha
Ereto e sabedor do que dominava
Não como Rei ou conquistador
Em cuja mão espada não empunhava
Apenas e tão somente um querer bem
A todos os viventes que como ele aqui vivia
Assim era sua existência.
E transcorrido tempo sem uma carta que fosse
Nada lamentava a ti e a ninguém
Aos senhores que outrora guerras travaram
Lia no tempo da história
Quanto se perdeu de risos e alegrias
E vidas ceifadas foram
Em nome de um premio desconhecido.
Para quê e por quê?
Responda que souber.
E do dia que se inicia radiante
Assim queiram os amantes do saber
Não desnudam vãs filosofias
Ouvidos moucos não ousaram escutar
Aquele que da montanha descera
E caminhou entre outros do seu tempo
E no crepúsculo da sua solitária militancia
Nos garantiu Zaratustra e outros mais.
A primavera que promete flores
Quem sabe desperte também
Saudades e amores esquecidos
Sentimentos que somente os amantes tem.
E do livro que repousa na estante
Poderá a esmo retirar
Uma palavra ou frase que seja
Uma dedicatória lá esquecida
E lembranças novas surgirão
E ao fim daquelas reminiscências
Ver-se-a que o tempo passou
Dando-nos apenas o privilégio do registro.