Ah... os clássicos
Numa certa idade comecei a ler os clássicos. Diferente de minha irmã - que sempre os adorou - eu não conseguia, ainda, extrair deles toda a beleza que a extasiava.
Ela adorava Bovary, O Vermelho e Negro mas, mais ainda, amava O Primo Basílio. Eu nunca cheguei a tanto, tentei caminhar por Suez e me perdi; nunca consegui rir com a Divina Comédia, apenas me arrisquei com Sartre e concluí que eu ainda não tinha idade para ter tanta razão. Então parei. Um dia volto a lê-los.
Hoje, aos 40 anos, tenho certa curiosidade em revisitá-los. Acredito que eu os entenderia, como entendi e rolei de rir com Machado e suas Memórias Póstumas. Está aí um livro que adoro.
Chegam-me tantos livros que nem sei ao menos por onde começar, nem qual ler primeiro. Sei que lerei todos. Só não sei a ordem.
Na estante brilha um Pirandello. Será este o escolhido? Ou será que adiarei novamente. Ah, os clássicos... e pensar que ainda não os li. Vontade não me falta e tudo o que tenho a fazer é começar...
Numa certa idade comecei a ler os clássicos...
Texto publicado no livro Sangue: literatura e outras loucuras, de Márcio Martelli, Editora In House (2008).