PUNHAIS DE CARNE!
Sei o que é a fome, pobreza, crueldade e a dor. Quero saber o que é ser criança, respondam-me por favor!
Meio a implacável fome, conheci o lobisomem... Ferocidade!
A minha mãe me negociou... por tão pouco!
- Maãe! Não quero ir! Livra-me do lobo...
Arrastada segui. Fui de encontro ao que jamais pensei existir...
Aos gritos: Maãe!...Não quero irrr!...
Chorando, olhei pra trás e vi... mamãe, que, nunca mais eu vi!
Senti na minh’alma que era o fim!
Mamãe me vendeu por pouco dinheiro, queria comer carne...
Não sentiste mãe, que comias a mim?
O falar cruel do meu dono, e eu à soluçar... num cantinho dormi, sem que viesse à sonhar.
Aos oito anos, de uma infância sofrida, fui como filhote de cachorro, vendida, para aplacar a fome momentânea dos que me geraram e dos meus irmãos que estavam na engorda... enquanto não lhes era chegada a maldita hora!
Enquanto fortemente, o lobisomem me puxava pelas mãos, vi madames na praça, com cachorros nos braços vestidos, tais quais, gente e elas, as madames, a me olhar indiferentes...
Ah! Minha mãe... Minha boneca de pano, meu sexo!
Frágil sexo de criança, a desabrochar, jamais tocado! Agora, dilacerado, esfacelado, por um, dois, três... Punhais de carne!
Meu sangue desce quente, por todos os lados...
Maãe!... Que alimento atroz te enche as entranhas...
Vomita-me mãe! A dor é tamanha...
Que brincadeira é essa, que me fizeste brincar?
Que médicos são esses, que estão à me matar?
Eu não sabia disso... Qual o nome que se dar?
Comigo, tantas outras, em um quarto fechado...
Tem uma pequenina, à chupar sua chupeta... Coitadinha!
Somos, tais quais, comodongos no canto da parede acuados, alimento pras cobras...
Tremendo num canto à cada abrir da porta...
Quem será a próxima? Será que volta?...
Homens de todo tipo: moços, velhos, fétidos, ricos...
Nos pegam pra brincar de boneca!
Sou boneca de pano – a que conheço -! Elas não sangram...
Estou à sangrar!
Não há ninguém pra nos ajudar...
Quantos de nós chegaremos a adolescência?
EstherRogessi.Escritora UBE.Mat.3963.estherrogessi@ube.org.br
Sei o que é a fome, pobreza, crueldade e a dor. Quero saber o que é ser criança, respondam-me por favor!
Meio a implacável fome, conheci o lobisomem... Ferocidade!
A minha mãe me negociou... por tão pouco!
- Maãe! Não quero ir! Livra-me do lobo...
Arrastada segui. Fui de encontro ao que jamais pensei existir...
Aos gritos: Maãe!...Não quero irrr!...
Chorando, olhei pra trás e vi... mamãe, que, nunca mais eu vi!
Senti na minh’alma que era o fim!
Mamãe me vendeu por pouco dinheiro, queria comer carne...
Não sentiste mãe, que comias a mim?
O falar cruel do meu dono, e eu à soluçar... num cantinho dormi, sem que viesse à sonhar.
Aos oito anos, de uma infância sofrida, fui como filhote de cachorro, vendida, para aplacar a fome momentânea dos que me geraram e dos meus irmãos que estavam na engorda... enquanto não lhes era chegada a maldita hora!
Enquanto fortemente, o lobisomem me puxava pelas mãos, vi madames na praça, com cachorros nos braços vestidos, tais quais, gente e elas, as madames, a me olhar indiferentes...
Ah! Minha mãe... Minha boneca de pano, meu sexo!
Frágil sexo de criança, a desabrochar, jamais tocado! Agora, dilacerado, esfacelado, por um, dois, três... Punhais de carne!
Meu sangue desce quente, por todos os lados...
Maãe!... Que alimento atroz te enche as entranhas...
Vomita-me mãe! A dor é tamanha...
Que brincadeira é essa, que me fizeste brincar?
Que médicos são esses, que estão à me matar?
Eu não sabia disso... Qual o nome que se dar?
Comigo, tantas outras, em um quarto fechado...
Tem uma pequenina, à chupar sua chupeta... Coitadinha!
Somos, tais quais, comodongos no canto da parede acuados, alimento pras cobras...
Tremendo num canto à cada abrir da porta...
Quem será a próxima? Será que volta?...
Homens de todo tipo: moços, velhos, fétidos, ricos...
Nos pegam pra brincar de boneca!
Sou boneca de pano – a que conheço -! Elas não sangram...
Estou à sangrar!
Não há ninguém pra nos ajudar...
Quantos de nós chegaremos a adolescência?
EstherRogessi.Escritora UBE.Mat.3963.estherrogessi@ube.org.br