SEGREDO SEM CÓDIGO
Tantos e tantos mundos e tempos já te esqueci tantas vezes... Infinitas outras afirmaste teu próprio de mim esquecimento.
Ao longo das eras, dos homens e mulheres que nos percorreram firmamos, decretamos nosso mútuo esquecimento. Sílabas, palavras, frases, histórias inteiras apagadas do nosso livro.
Impossível esquecimento, que as palavras inscritas no éter não se apagam. Através das ondas de rádio, a que galáxias outras já terão chegado? A que espaços ainda virgens de futuros sistemas solares? Por quais buracos negros estarão ecoando, à margem de quaisquer universos?
Apenas um homem e uma mulher estrangeiros. Estrangeiros perante si mesmos, estrangeiros cada qual diante do outro. Nas línguas desconhecidas, o mesmo ancestral sabor de tempos inacessíveis à memória de gente e de pedras. O mútuo segredo sem código possível. O impossível código partilhado desde o sempre infinito perpétuo.
06/agosto/2009