Um gostar
Se algum dia eu lhe gostar.
E, numa pausa do cérebro, – sem pensamentos –
Puder, simploriamente, lhe gostar;
E ver envolto num véu de transparência
O nascer crescente de um sentimento pausado e calmo,
E livre, e talvez triste também,
Não esperarei da semente que surja uma árvore,
Pois a semente em si já é.
Quero que o meu gostar seja menos que uma perspectiva;
Que seja o imo da inteireza humana,
O translato perfeito da necessidade química de um ente
Desregulado.
Que não me venham nomes, nem idéias;
Somente o gostar, puro, livre da mão humana:
Ela não pode tocar.
Invisível, nunca poderá tocar o que sinto.