Espírito
Os meus olhos percorrem o teu corpo adormecido sobre a cama. Teus olhos fechados revelam os sonhos que ainda visitas. Contemplo teu semblante de menina, enrolada em teu corpo de mulher. Minhas mãos seguem teus contornos sem te tocar, quero prolongar o prazer dessa tua viagem pelos mundos encantados que te desenho em cada madrugada. Tua pele quente aquece-me como se fosses vulcão dormente, sigo pelos caminhos tantas vezes percorridos do teu corpo despido.
O dia começa a vencer a noite, num amanhecer lento, está na hora de partir. Devolvo-te a alma, de regresso das terras dos sonhos, entrego-a em teu corpo ardente, que levemente se move. Olho teus olhos fechados, recordando-me de como brilham quando te faço sonhar. A minha imagem desvanece-se com os primeiros raios de sol, como se evaporasse, e no ar apenas ficasse , aquele perfume canela.
Despertas com a sensação duma presença estranha, como se pressentisses que ainda ali estou, são as saudades da tua alma, que se fundem na tristeza da minha partida. Recordo-te num sopro que se projecta no teu pensamento, que logo mais voltará a noite, e com ela meu corpo feito de vento, estará junto ao teu para dissipar esse tormento.