O Homem E O Rio

Após mais ou menos vinte e cincos anos, um homem de meia- idade retorna à cidade onde passou sua adolescência. Observa que muitas coisas mudaram. Ela prosperou, já não é mais a pequena cidade que guardara em seu coração. Ela hoje possui teatros, grandes lojas comercias, e o movimento de suas ruas lembra as grandes metrópoles. Perdeu um pouco de sua essência e seu delicioso ar bucólico.

Após uma longa caminhada pelo bairro onde morou, constata um triste fato : Não encontrou nenhum amigo ou conhecido de sua infância. Provavelmente, todos assim como ele, partiram para a capital para estudar ou trabalhar. Senta então,num banco da praça com vista para o rio que atravessa a cidade. Vê que até o rio corre diferente, menos cauteloso. Sente que o mesmo parece um pouco triste, já não mostra a mesma alegria de outrora. Talvez sinta falta de ser admirado, já que agora a população passa apressada, e ninguém mais lhe dirige um breve olhar. Com certeza sente saudades da simplicidade de antigamente, quando as pessoas tinham mais tempo para admirar a natureza, a beleza e a essência da vida.

Enquanto observa o rio,o homem lembra das muitas vezes em que falou para esse rio, de suas dúvidas, medos e insegurança de sua adolescência. Compartilhou sua primeira namorada, suas madrugadas de lua cheia. Em suas margens, criou coragem para falar de suas dores, dos amores platônicos, e das dificuldades da vida familiar. Naqueles momentos o rio lhe confortava com seu sereno olhar.

Hoje,homem maduro,está novamente diante do rio de sua infância. Sua vida teve grandes mudanças. Dançou várias canções. Lutou, enlutou,teve derrotas e vitórias.

Agora, ainda vislumbra um terno olhar do seu rio que revigora sua confiança. Sorri para o seu ser criança, lançado da gaveta da memória, e abraçados as águas da esperança, faz daquele momento seu tempo de acreditar no amanhã.

Roberto Passos do Amaral Pereira
Enviado por Roberto Passos do Amaral Pereira em 11/06/2006
Reeditado em 13/06/2006
Código do texto: T173743