Filó, festa e poesia
Eu ouvia:
Veste filó
Menina linda
Mulher novinha
Sorrateirinha
Solteira e delicada
Trate a pupila dos olhos
Com maquiagem e leque
Procure sorriso nos lábios
E rodopie vestido de festa
Use véus de noivas e fantasias
Tecido transparente e encorpado
Mostrando o colo madreprejado
Menina do olho da manhã
Que se veste de filó à noite
Com pales e cores diversos
podendo ser engomados
Com redes diversas a mostrar
Correntes com pedras, gargantilha azul
Cinto que pode ser usado como colar
Pulseira, tiara e muito bordado
Vestido transparente em algodão
Ajeitado com muitos furinhos
Desenhos como losangos,
hexágonos e geometria delicada
O que falta em sua vida cortês?
Filó, e mais festa, fio de seda e onibó?
Noites cantadas ou muita solidão?
Não e não
Minha vida se converteu
em um memorial do ausente
Eu me sentia jovem e era diferente
das rosas embaladas
Que somente ao som da música
Desabrochavam.
Hoje sou poeta
Entende?!... uma poeta...
Transformei minha vida em poemas
espirituais que convivem com o autismo
Que não encontrou nos bailes
Os rodopios dos pensamentos poéticos
Os mais íntimos dizeres
Os eternos prazeres
De ser material
Somente os mais tristes pezares
Mas então, não seria preferível
continuar a dançar?
Ser menina sonhadoira
A mais bela do lugar?
Não e não, vestidos e brocados
Caem de moda,
vão para os cestos e baús
Ficam guardados nos mofos
Da sórdida ilusão
Filós acabam por desbotar
Ou cheiram os pós dos guardados
Dos tempos que não voltam mais
Agora me ouço:
Poetas e poemas
continuam se buscando,
tudo inspira, tudo toca
move sentimentos e ações
E nunca ficam sozinhos
Pois sua poesia a tudo encanta
Pode ser de sonho ou apenas esperança
Se poetizar filó para cantar festa
Estarei poetizando a vida
Estarei buscando eterno amor
Tudo que vislumbro em sorriso puro
Não pode ser de pedra e tecidos furados
E só transmitir leque de emoções
Filó e festa, agora
Só em poesia!!
Entende?
bh, em 01 de agosto de 2009